Como e por quê a artrite limita os movimentos?

Artrite é um termo bastante difundido, porém pouco entendido. Muitas pessoas acreditam ser sinônimo de artrose (embora sejam doenças essencialmente diferentes) ou mesmo uma doença específica. Na verdade, o termo ‘’artrite’’ engloba uma série de quadros clínicos que possuem características próprias, mas com fatores em comum: a inflamação das articulações. A artrite é geralmente tratada pelo reumatologista, especialista em doenças do tecido conjuntivo e articulações.

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Sintomas da Artrite

→ Dor articular
→ Inflamação articular
→ Rigidez
→ Inchaço nas áreas com articulações
→ Outros sinais de inflamação como eritema(vermelhidão) e calor local
→ Febre (presente em doenças que afetam as articulações como o Lupus, ou mesmo em artrites infecciosas como a artrite séptica)
→ Limitação de movimento

Tipos de Artrite

Como dito acima, a artrite é uma característica presente em diversas doenças, citamos alguns exemplos de quadros clínicos que apresentem artrite associada:

→ Artrite séptica: Baseada primariamente em uma infecção que afeta a região articular. Pode ser adquirida através de relações sexuais, uso de material descartável conjunto (seringas) ou por lesões no local que ficaram abertas e permitiram a entrada de microrganismos.

→ Artrite Reumatoide: Talvez uma das mais conhecidas, é uma doença primariamente sistêmica de característica autoimune. A Artrite reumatoide também cursa com sintomas sistêmicos (pulmonares, por exemplo) e o aparecimento de nódulos.

→ Artrite psoriásica: Definida pela inflamação dupla na pele e nas articulações.  10% das pessoas com o quadro de psoríase (doença dermatológica) poderão desenvolver artrite associada.

→ Gota: Nesse quadro clínico ocorre o acúmulo de cristais de ácido úrico nas articulações, levando à inflamação e artrite.

→ Artrite Reativa: Geralmente ocorre após a infecção por algum agente etiológico em outra parte do corpo. Essa infecção irá ter, como consequência, dor e inflamação articular (por isso ‘’reativa’’)

Artrite e a destruição articular

Usaremos como exemplo a fisiopatologia de uma das formas mais prevalentes da doença, a Artrite Reumatoide. Sabemos que a maioria das articulações são recobertas pela chamada cartilagem articular, podendo ter a forma de uma cápsula. A parte interna dessa cápsula é revestida por um tecido especializado chamado de sinovial, que produz líquido sinovial visando a diminuição do atrito no momento de realização dos movimentos.

Na Artrite Reumatoide há um componente autoimune no cerne da doença. A reação de autoimunidade irá causar a migração de células inflamatórias para dentro da cápsula articular, atacando especificamente a sinovial. Ocorre então a sinovite, inflamação do tecido sinovial intracapsular que cursará com dano recorrente à articulação e ao tecido ósseo.

Essa inflamação constante resultará em dor, inflamação, inchaço e limitação dos movimentos pois lesa todo o componente articular. A destruição da articulação e do tecido protetor da mesma irá levar ao desenvolvimento de artrose secundária à artrite, ou seja, os ossos irão sofrer o atrito total durante a movimentação, lesionando ainda mais e causando mais desconforto.

Diagnóstico:

Como explicado acima, há uma variedade de quadros de artrite, de modo que as maneiras de realizar o diagnóstico variam. O primeiro passo que o médico irá realizar é uma entrevista completa, visando descobrir os sintomas associados ou mesmo o decálogo completo da dor do paciente.

Após, o exame físico irá evidenciar os locais da dor (algumas artrites afetam mais alguns locais do que outros, tendo preferência por certas articulações). O ‘’squeeze test’’ (aperto) é uma manobra usada para detectar inflamação nas articulações, onde com apenas leve força o paciente irá queixar-se.

Os exames que auxiliam na diferenciação da artrite incluem marcadores (FAN, Anti-Sm) e exames de imagem que podem evidenciar o status da articulação do paciente. Exames inespecíficos como vhs ou PCR permitem identificar se há inflamação sistêmica, geralmente elevados em pacientes com doença ativa.

 

Tratamento:

O tratamento das artrites visa, de forma geral, diminuir a inflamação e resguardar a função articular. Alguns medicamentos utilizados:

  • Corticoides: Apesar dos efeitos adversos, são extremamente úteis no controle da inflamação articular e diminuição dos sintomas.
    • Imunossupressores: Um exemplo é o metotrexato, medicação inibidora do metabolismo de ácido fólico utilizado para combater a ação autoimune das doenças.
    • Biológicos: Medicamentos relativamente novos no mercado, muitos ainda estão em fase de testes e estudos. Um exemplo é a sulfassalazina, a medicação age impedindo a migração e atuação de células autoimunes também

Lembrando sempre que os imunossupressores e os biológicos podem ser caracterizados como DMD, ou Drogas Modificadoras de Doença. Isso significa que seu uso acaba por controlar a progressão da destruição articular, e não meramente tratar os sintomas.

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